HQs: Encontro Fatal

11 de abril de 2013



Se você pensa que não existe narrativa maçante e tediosa nas histórias em quadrinhos, você se enganou. É difícil prever se o texto será realmente bom ou mediano, mas para isso necessariamente a leitura terá que ser feita até a conclusão, o seu final, é claro. A parte mais bizarra é que isso acaba dividindo a opinião especificamente nesse quadrinho. Encontro Fatal é um dos vários trabalhos de Milo Manara, um escritor e na maior parte desenhista de... quadrinhos eróticos. Sim... você leu bem, a resenha a seguir é sobre um quadrinho erótico.

Como em qualquer mídia existe a vertente – parte – erótica. O mesmo acontece nos quadrinhos. Não se engane também achando que por ser “algo erótico” a narrativa, assim como o texto e ilustrações, torna o quadrinho “sujo”, no contexto de apresentar uma linguagem e desenhos informais - atualmente o mundo é comemorado em tons de cinza, né? 

Na verdade o que é mais admirado e positivo nesse gênero de leitura em quadrinhos é exatamente essa parte informal: os diálogos pejorativos, as ilustrações contendo cenas de sexo e tudo ligado ao mesmo.


Como já dito, Milo é um autor de grande nome na história dos quadrinhos,  por dar belas curvas aos seus lindos desenhos, ter uma forma própria de desenhar pessoas, especialmente mulheres e abordar em suas histórias diversos fetiches e as vezes o sobrenatural.  O que não torna o italiano Milo Manara mais um tiozinho tarado que anda sem calça por aí, mais sim um grande desenhista renomeado e premiado.

Em Encontro Fatal, obra publicada em 1997, temos a história da chatinha e socialite Valéria que é esposa de um político endividado dos pés a cabeça. Mal ela sabe desse problema com o seu marido e mal Valéria sabe o lugar que o empréstimo foi feito. Os carinhas maus – que aparentam ser uma máfia local – começam a cobrar o marido de Valéria, até o pagamento ser feito, de uma forma... digamos... não muito legal. E quem sofre as consequências é exatamente Valéria. Todo os dias em que o relógio bate as 18h da tarde, o chefe da máfia envia um capanga para violentar sexualmente a personagem principal  – daí o nome Encontro Fatal – até o marido de Valéria pagar a dívida a máfia, que está num valor de aproximadamente – pasme agora – 300 milhões de dólares.


O desenvolvimento da história é interessante visto que até chegar ás páginas com as ilustrações de sexo alguns leitores podem interpretar como “forte de mais para o meu gosto”. Pois eu perfeitamente entendo, é uma história de estrupo. Mas o maior problema em “Encontro Fatal” é como Milo Manara continua a desenvolver a narrativa nas páginas seguintes. São 48 páginas e o autor visa repetir o mesmo diálogo e as mesmas cenas em cada página até a conclusão da história. O ponto positivo desse trabalho fica mesmo pelos lindos desenhos que Milo Manara consegue produzir e repassar para quem o acompanha. De fato, são belos traços e – o autor aqui usou o preto e branco – tons. E a edição especial da editora brasileira Conrad, na qual é uma das capas mais bonitas que eu já vi em um trabalho do autor.


Em tantos outros excelentes trabalhos e de grande importância (como O Clic, Verão Índio, Bórgia e outros) em Encontro Fatal, Milo Manara acaba se pegando no clichê criado por ele mesmo, com um desenvolvimento tedioso, uma história com elementos chatos e um final poético surpreendente.

Título Original: Appuntamento fatale
Gênero: Quadrinho Erótico
Autor: Milo Manara
Ano:1997
Editora: Conrad
Número de páginas: 48
Nota pessoal: 2

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